sábado, 10 de março de 2012

KONY 2012 PORQUÊ AGORA?

É um caso surpreendente, em apenas alguns dias atingiu milhões de visualizações no Youtube.


Um vídeo que pretende chamar a atenção do mundo sobre as chamadas crianças invisíveis porque o seu sofrimento foi sempre ignorado pelas Nações Unidas e o seu pedido de socorro não ultrapassava as fronteiras do país.


O vídeo relata como Joseph Kony, um 'senhor da guerra' do Uganda, rapta crianças, arma-as e obriga-as a juntar-se ao seu exército de rebeldes.


A história é comovente e não há ninguém que consiga ignorá-la devido ao facto de envolver crianças. Este facto tem originado a união das pessoas por todo o mundo em torno desta causa.


Mas atenção, o video deixa mensagens deturpadas ou não explica convenientemente toda a verdade.


O relato dá a entender que estas perseguições às crianças a mando de Kony estão a acontecer no Uganda e que isso se passa há mais de 20 anos.
No entanto Kony já não se encontra no Uganda há vários anos. O seu paradeiro é desconhecido mas julga-se que se encontra algures por aquela região de África. O video fala disso mas de maneira pouco explícita e rápida embora seja uma questão importante.


Outra falha grave no vídeo (do meu ponto de vista) é a absoluta falta de testemunho do governo de Uganda sobre o assunto.


O relato da história é feito na primeira pessoa e várias vezes temos a oportunidade de ver o autor na imagem. É de admirar o que ele conseguiu (mostra escolas) num país africano como o Uganda sendo tão jovem.
Precisamos de gente assim nas Nações Unidas.


Também o facto de apresentar o próprio filho num documentário que visa destruir um 'louco' que tem por norma raptar crianças da mesma idade, é algo que dá que pensar. Pode querer dar mais emoção ou veracidade ao documentário mas eu não o faria com o meu filho.


Embora os factos narrados sejam de 2003 e 2006, não são explicitamente separados da realidade actual, ficando subentendido que tudo se passa ainda hoje no Uganda o que não é verdade.


O governo do Uganda, alarmado com a brutal disseminação deste video veio explicar que " tem perseguido o exército de resistência do senhor desde 2006, e que o grupo de guerrilha liderado por Joseph Kony, encontra-se actualmente enfraquecido."


No seu comunicado o governo ugandês diz que "Estamos gratos perante os esforços renovados para ajudar na detenção de Joseph Kony e na eliminação do LRA da região da África Central."
E siblinha: "O governo pede firmemente, no entanto, que todas as campanhas de sensibilização tenham em atenção as realidades actuais da situação."
Veja a reportagem do JN.


Este é o vídeo em questão:


O que é importante perceber é que actualmente Joseph Kony já não faz parte da história do Uganda.
Se ele não está no Uganda é porque foi expulso de lá.
Isso quer dizer que está enfraquecido como diz o governo ugandês.


Que o governo americano não utilize a figura de Kony como desculpa para invadir aquela região africana (parece que África está agora na moda) com um grande exército e bombas com a simpatia e aplausos do mundo.


Boa Vida!

1 comentário:

  1. uma exelente análise ao "documentário" Kony2012, por Snordelhans: http://www.youtube.com/watch?v=KD9ybqspUBE&feature=g-u-u&context=G21fc4a0FUAAAAAAALAA

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